04 de junho: aniversário do Capitão Virgulino

Por MANOEL NETO
Historiador/Pesquisador (CEEC/UNEB)
Coordenador Geral do Seminário "CANGAÇO: HISTÓRIA E REVIVÊNCIAS"


Se vivo fosse, Lampião, o Rei do Cangaço, estaria completando 110 anos de sua atribulada vida. A lírica popular, sempre atenta, imaginosa e bem informada ocupou-se do assunto. O poeta Gonçalo Ferreira da Silva, no cordel “Lampião - O Capitão do Cangaço”, citado no livro de “Virgolino a Lampião”, de Amaury Correia e Vera Ferreira, abordou o assunto, detalhando inclusive a genealogia do famoso cangaceiro. Vejamos:

“O século passado estava
Dando sinais de cansaço
José e Maria presos
Por matrimonial laço
Em breve seriam pais
Do grande rei do cangaço.
No dia quatro de junho
De noventa e oito
O pino estava o Sol,
E Maria dava à luz um menino
que receberia o nome
singular de Virgulino”.

O próprio Lampião, em entrevista concedida ao médico Octacílio Macedo, na cidade do Crato, estado do Ceará, nos anos vinte, declarou: “Chamo-me Virgolino Ferreira da Silva e pertenço a humilde família Ferreira, do riacho de São Domingos, município de Vila Bela” (hoje Serra Talhada/PE).
Frederico Pernambucano de Melo, prestigiado autor do livro “Guerreiros do Sol – Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil”, hoje referência obrigatória para quem estuda o tema, escreveu: “VIRGULINO FERREIRA DA SILVA (1898 -1938), natural de Vila Bela, atual Serra Talhada, Pernambuco, foi o mais poderoso e bem-sucedido dos bandoleiros do Nordeste...)".
Filho de uma prole numerosa, sendo o terceiro por ordem de nascimento, Virgolino tinha ainda os seguintes irmãos: Antonio Ferreira da Silva (cangaceiro); Livino Ferreira da Silva (cangaceiro); Virtuosa Ferreira; João Ferreira dos Santos; Angélica Ferreira; Ezequiel Ferreira(cangaceiro); Maria Ferreira (Mocinha) e Anália Ferreira. Seus pais foram José Ferreira dos Santos e Maria Lopes.
Morto em 28 de julho de 1938, na grota do Angico, em Sergipe, o capitão Virgolino Ferreira da Silva, Lampião para a grande maioria, se mantém vivo na memória e no imaginário popular, sem se ausentar igualmente dos estudos acadêmicos.

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